WEBNÁRIO
Sábado • 27/11/21
a partir das 15h
Não faz muito tempo, já adentrados os anos 20 do século XXI, o general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, dirigiu-se à nação, em um vídeo gravado em apoio a manifestantes pró-governo, dizendo a seguinte pérola: “Esse é um momento em que os brasileiros se dão as mãos em união na busca de um país melhor, onde o comunismo ateu não entre mais em nossas casas”.
A ideia de que o comunismo ateu realmente tenha entrado, em algum tempo, nas casas dos brasileiros, é um delírio típico da caserna brasileira, moldada no espírito e nos modos da Guerra Fria. O temor do general, no entanto, é um bom ponto de partida para se discutir a real relação do marxismo com o ateísmo e a da possibilidade efetiva de se conciliar a doutrina marxista com crenças religiosas.
Para tal, convidamos para discutir alguns dos mais importantes pensadores marxistas do País: o historiador e educador popular João Carvalho, mestre em História Social; o professor Alysson Mascaro, jurista e filósofo do direito marxista; a professora Juliana Magalhães, doutora em Filosofia e Teoria Geral do Direito; e o pastor Pastor Berlofa, filósofo, escritor, pesquisador da teologia latino-americana, fundador da Igreja da Garagem e do Movimento Inadequados.
Militante comunista, historiador, educador popular e cofundador do podcast Revolushow. Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), doutorando em História Social da Cultura pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do Law, Development and Conflict Group da University of Westminster.
Tema da palestra:
A RELIGIÃO NA UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS (URSS)
Jurista e Filósofo. Professor da Universidade de São Paulo (USP). Autor, dentre outros livros, de “Filosofia do Direito” (GEN-Atlas) e “Estado e Forma Política” (Boitempo).
Tema da palestra:
RELIGIÃO E CAPITALISMO: BASES TEÓRICAS
Doutora em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo (USP). Autora, dentre outros textos, da obra "Marxismo, humanismo e direito: Althusser e Garaudy" (Ideias & Letras).
Tema da palestra:
MARXISMO, RELIGIÕES CRISTÃS E ESPIRITISMO:
A QUESTÃO DA TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Filósofo, escritor, pesquisador da teologia latino-americana, fundador da Igreja da Garagem e do Movimento Inadequados.
Tema da palestra:
OS EVANGÉLICOS E A DEMONIZAÇÃO DA ESQUERDA
Na “Introdução à crítica da filosofia do direito de Hegel”, um dos mais belos textos de sua vasta obra filosófica, Karl Marx cita aquela que se tornaria sua mais famosa – e incompreendida – frase: “A religião é o ópio do povo”. Pinçada de seu contexto original, a afirmação de Marx acabou sendo usada no repertório anticomunista, desde o fim do século XIX, como prova da impossibilidade de associação da crença religiosa com a luta de classes.
O conceito marxiano, contudo, é mais amplo, complexo e poético: “A miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real e o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo. A abolição da religião, enquanto felicidade ilusória dos homens, é a exigência da sua felicidade real. O apelo para que abandonem as ilusões a respeito da sua condição é o apelo para abandonarem uma condição que precisa de ilusões. A crítica da religião é, pois, o germe da crítica do vale de lágrimas, do qual a religião é a auréola.”
Mas, afinal, é possível ser marxista e possuir alguma crença religiosa? O imenso repertório das lutas populares na América latina, Caribe e África tem demonstrado, ao longo da história, que essa associação não só é indissociável como, de muitas formas, mostrou-se imprescindível para o engajamento dos trabalhadores no movimento operário. No Brasil, o maior exemplo foi o engajamento de setores da igreja católica na luta contra a desigualdade e a violência contra os pobres, por meio da Teologia da Libertação.
O webnário “Marxismo e Religião” pretende esclarecer, à luz da ideologia e da História, quais as verdadeiras relações entre as lutas populares de cunho socialista e as diversas camadas de religiões que permeiam a vida e a rotina de milhões de trabalhadores e trabalhadoras, mundo afora. A ideia é explicar o aparente paradoxo da convivência, dentro da luta popular e socialista, entre a doutrina marxista, baseada no materialismo histórico – debruçada sobre a realidade social concreta –, e a variável religiosa, portanto, imaterial.
Quero me inscrever agora!O webnário “A Marxismo e Religião” é uma parceria entre a agência de marketing digital CobraCriada, fundada pelo jornalista e escritor Leandro Fortes, e o Diário do Centro do Mundo (DCM), portal de notícias fundado pelo jornalista Kiko Nogueira. É o primeiro de uma série de eventos digitais conjuntos que irão tratar sempre de temas relativos à vida política e cultural do Brasil, a partir de um debate público com a participação de palestrantes convidados e o público previamente inscrito.